segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Guarda-chuvas adoram selar amizades.








Assim como havia a presença da humidade no ar, havia a presença de um copo plástico sujo de um suspeito e forte café localizado em cima de uma mesa em uma lanchonete qualquer. O desejo repentino de estar acompanhada atingiu fortemente a face de Analizz, como um soco. Talvez milhares deles. Ao se dirigir para casa, mais algumas gotas de chuva fizeram uma dança em seu rosto, — pingando um pouco mais do que nas telhas de tal lanchonete —, como se a face da pequena garota de quatorze anos fosse o chão. Era apenas um pouco mais áspero pela ausência de um hidratante no rosto da doce garota de cabelos ruivos e olhos azuis. Não se encontrara beleza naquela pacata cidade desde a aparição da garota. Pais divorciados, motivos desconhecidos. Todas as noite de inverno chuvosas rastreavam a garota correndo na chuva, acompanhada de um guarda-chuva amarelo nunca longe da palma de suas mãos. De algum modo, Analizz guardava um pouco do amor que restava em sua vida para o pequeno guarda-chuva estampado com pequenos desenhos — ir reconhecíveis por sinal, graças ao tempo que aparentemente acompanhava o guarda-chuva a cada centímetro que o pequeno vulto ruivo se distanciava da lanchonete —. Talvez não fosse certo, mas sempre optou pela solidão. Acreditava que ela era mais reconfortante que suas próprias palavras, mal compreendidas por qualquer ser humano ao seu lado. Procurava por palavras, encontrava o silêncio. Desejava actos, encontrara a imensidão de seus olhos, junto com a mumificação de seu corpo a cada tentativa inútil. E no silêncio encontrou a solidão, uma pequena acompanhante que estava ao seu lado, abaixo do pequeno guarda-chuva amarelo que as cobria da chuva. Selando debaixo de seus trajes imundos e clichés uma eterna amizade.

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