sexta-feira, 11 de março de 2011

Perdido em meio ao silêncio.

Doía o quão o silencio se fazia presente, na mesma força em que as palavras imaginariamente cruzavam sua boca. Ah, sua boca. Provavelmente tão macia quão um algodão doce, provavelmente doce como um pirolito do tamanho de sua cabeça. Era doce. Não só seus lábios, mas ele por inteiro. Doía a distância que o separava e contudo a dor que consigo carregava - transparecia em seus olhos e seus actos -, e escondido por trás de sorrisos de canto e meras coradas bochechas, lá estava ele... Mais uma vez. Pude perceber o quão rude consigo mesmo era, pude perceber o quão alinhados seus dentes eram. Mas desta vez, além de tudo, pude perceber que mais uma vez ele estava com as mãos estendidas. E não era para o vento.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Guarda-chuvas adoram selar amizades.








Assim como havia a presença da humidade no ar, havia a presença de um copo plástico sujo de um suspeito e forte café localizado em cima de uma mesa em uma lanchonete qualquer. O desejo repentino de estar acompanhada atingiu fortemente a face de Analizz, como um soco. Talvez milhares deles. Ao se dirigir para casa, mais algumas gotas de chuva fizeram uma dança em seu rosto, — pingando um pouco mais do que nas telhas de tal lanchonete —, como se a face da pequena garota de quatorze anos fosse o chão. Era apenas um pouco mais áspero pela ausência de um hidratante no rosto da doce garota de cabelos ruivos e olhos azuis. Não se encontrara beleza naquela pacata cidade desde a aparição da garota. Pais divorciados, motivos desconhecidos. Todas as noite de inverno chuvosas rastreavam a garota correndo na chuva, acompanhada de um guarda-chuva amarelo nunca longe da palma de suas mãos. De algum modo, Analizz guardava um pouco do amor que restava em sua vida para o pequeno guarda-chuva estampado com pequenos desenhos — ir reconhecíveis por sinal, graças ao tempo que aparentemente acompanhava o guarda-chuva a cada centímetro que o pequeno vulto ruivo se distanciava da lanchonete —. Talvez não fosse certo, mas sempre optou pela solidão. Acreditava que ela era mais reconfortante que suas próprias palavras, mal compreendidas por qualquer ser humano ao seu lado. Procurava por palavras, encontrava o silêncio. Desejava actos, encontrara a imensidão de seus olhos, junto com a mumificação de seu corpo a cada tentativa inútil. E no silêncio encontrou a solidão, uma pequena acompanhante que estava ao seu lado, abaixo do pequeno guarda-chuva amarelo que as cobria da chuva. Selando debaixo de seus trajes imundos e clichés uma eterna amizade.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Doces sonhos descritos em uma folha de papel.

Em um castelo distante se encontrava uma princesa. Ferida, por um sinal. Não continha a mesma beleza que nenhuma das clássicas princesas ilustradas em livros infantis que davam a impressão para quem reconhecia-as de ‘perfeitas’. Cosabella era uma princesa real, ao contrário daquelas em fábulas; Na qual foi apenas coroada graças ao seu pai ser o príncipe de seu actual país – graças ao tal trabalho do pai trocava tanto de país e casa quanto trocava de roupas. Dentre a torre que certava todos os cômodos próximo ao seu quarto, lá estava Cosy – como gostaria de ser chamada. Mas os pedidos nunca foram atendidos pelo trilhonário pai que insistia em chamá-la Bebell – presa em um castelo no qual não podia sair, revestido de pedra. A mais preciosa pedra que já houvesse ter dado por existente, a imaginação. Seu nome não era Cosabella, nem seu apelido era Cosy ou até mesmo Bebell. Sua casa não era um castelo, era apenas uma casa com aspecto de abandonada em Manhattan na qual cuidava seus pequenos rabiscos como ouro, que sempre acabavam em mais umas de suas gavetas. Sua coroa era feita de vento, apenas para dizer que existia se dando por invisível. Dizia que ela só poderia ser vista aos reais dignos, os pertencentes à corte. E dentre tais dignos, apenas nos quais acreditavam em seu poder da escrita realmente viam tal coroa, descrita em mais um de seus milhares textos. Isto fazia mais parte de sua mente de que um papel, e lá estava aquele tão precioso rabisco, engavetado e guardado em um lugar mais seguro que sua gaveta... Aquele rabisco pertencia à sua mente. E seu coração ferido por não encontrar melhores lugares ou pessoas para descrever seus desejos como um papel.